sexta-feira, 30 de abril de 2010

Poesia infantil: O Avô

O Avô


Este, que, desde a sua mocidade,
Penou, suou, sofreu, cavando a terra,
Foi robusto e valente, e, em outra idade,
Servindo à Pátria, conheceu a guerra.
Combateu, viu a morte, e foi ferido;
E, abandonando a carabina e a espada,
Veio, depois do seu dever cumprido,
Tratar das terras, e empunhar a enxada.
Hoje, a custo somente move os passos...
Tem os cabelos brancos; não tem dentes...
Porém remoça, quando tem nos braços
Os dois netos queridos e inocentes.
Conta-lhes os seus anos de alegria,
Os dias de perigos e de glórias,
As bandeiras voando, a artilharia
Retumbando, e as batalhas, e as vitórias...
E fica alegre quando vê que os netos,
Ouvindo-o, e vendo-o, e lhe invejando a sorte,
Batem palmas, extáticos, e inquietos,
Amando a Pátria sem temer a morte!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Poema infantil : A Avó

Olavo Bilac

A Avó

A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha! . . .
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.

Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.

Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala . . .
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando . . .

A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.

Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos, doirados.

Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"

Então, com frases pausadas,
Conta historias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas . . .

E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem . . .

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Infância de Olavo Bilac

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (alexandrino a partir do nome!) nasceu no Rio de Janeiro, a 16 de dezembro de 1865.O menino Olavo só conhece o pai em 1870,aos cinco anos de idade,quando este volta da Guerra do Paraguai;sua infância é povoada de histórias e de hinos militares.



Cronologia Biográfica

1865: Nascimento, a 6 de dezembro, de Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, filho de Delfina de Paula dos Guimarães Bilac e do dr.Brás Martins dos Guimarães Bilac, no ocasião cirurgião do Exército brasileiro, na Guerra do Paraguai.

1870: O pai retorna da guerra.

1880: Ingresso na Faculdade de Medicina, aos 15 anos, mediante autorização especial pela pouca idade.

1884: Estréia na imprensa com soneto "A Sesta de Nero", na Gazeta de Noticias, a 31 de agosto.

1887 e 1888: Matrícula como ouvinte na Faculdade de Direito de São paulo; colaboração em jornais paulistas; noivado com Amélia de Oliveira, de novembro de 1887 a maio de 1888.

terça-feira, 27 de abril de 2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Infância





O berço em que, adormecido,

Repousa um recém-nascido,

Sob o cortinado e o véu,

Parece que representa,

Para a mamãe que o acalenta,

Um pedacinho do céu.

Que júbilo, quando, um dia,

A criança principia,

Aos tombos, a engatinhar...

Quando, agarrada às cadeiras,

Agita-se horas inteiras

Não sabendo caminhar!

Depois, a andar já começa,

E pelos móveis tropeça,

Quer correr, vacila, cai...

Depois, a boca entreabrindo,

Vai pouco a pouco sorrindo,

Dizendo: mamãe... papai...

Vai crescendo. Forte e bela,

Corre a casa, tagarela,

Tudo escuta, tudo vê...

Fica esperta e inteligente...

E dão-lhe, então, de presente

Uma carta de A.B.C...

domingo, 25 de abril de 2010

Amores de Olavo Bilac

O grande amor de Bilac foi Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira. Chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição de outro irmão da noiva, desconfiado de que o poeta era um homem sem futuro. Seu segundo noivado fora ainda menos duradouro, com Maria Selika, filha do violonista Francisco Pereira da Costa. Viveu só sem constituir família até o fim de seus dias.Mas, como lendas e mitos amorosos cercam a história de todos os poetas, consta que Amélia se manteve fiel à ele por toda vida, não se casando e depositando romanticamente um mecha de seus cabelos no caixão do poeta.Como não tivera herdeiros, preferiu educar várias gerações de brasileiros escrevendo diversos livros escolares, ora sozinho, ora com Coelho Neto ou com Manuel Bonfim.

Foto do Poema Remorso do Olavo Bilac.

Ex Namorada de Olavo Bilac


Amélia de Oliveira.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Soneto

Não te peço a ventura desejada,
Nem os sonhos que outrora tu me deste,
Nem a santa alegria que puseste
Nessa doce esperança, já passada.
O futuro de amor que prometeste
Não te peço! Minha alma angustiada
Já te não pede, do impossível, nada,
Já te não lembra aquilo que esqueceste!
Nesta mágoa sorvida, ocultamente,
Nesta saudade atroz que me deixaste,
Neste pranto, que choro ainda por ti,
Nada te peço! Nada! Tão-somente
Peço-te agora a paz que me roubaste,
Peço-te agora a vida que perdi!
(ELTON, Elmo. Amélia de Oliveira - 1868-1945. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1977)”

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A poesia de Olavo Bilac

Exigente na questão da forma, Bilac não parava de aperfeiçoar os seus versos. Substituía vocábulos, burilava, emendava, acrescentava, declamava em voz alta, sempre no afã de produzir maior beleza, de obter os melhores efeitos artísticos. Essa tortura de esteta, essa permanente insatisfação, foi uma das características de sua personalidade poética, conforme verificamos, aliás, no poema a seguir:

PROFISSÃO DE FÉ
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.
E horas sem conta passo, mudo,
A olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo,
O pensamento.
Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Alvorada do Amor

Um horror grande e mudo,
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden vendo,
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo
Disse:

Chega-te à mim ! Entra no meu amor,
E à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vê! Tudo nos repele! A toda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estão cheias de calefrios;
Ruge soturno o mar, turva-se hediondo o céu...

Vamos! Que importa Deus? Desata como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se emanharem no chão as serpes aos seus pés...
Que importa? O Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!
Amo-te! Sou feliz! Porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
-Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantador e nu,
Tudo morrer, que importa? A natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!

Ah! Bendito o momento em que me revelaste
O amor com teu pecado, e a vida com o teu crime!
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,
Homem fico, na terra, à luz dos olhos teus,
-Terra, melhor que o céu! Homem, maior que Deus!

Última Página

Primavera. Um sorriso aberto em tudo.Os ramos
numa palpitação de flores e de ninhos.
Doirava o sol de outubro a areia dos caminhos
(Lembras-te, Rosa?) e ao sol de outubro nos amamos.

Verão. (Lembras-te, Dulce?) À beira-mar, sozinhos
tentou-nos o pecado: olhaste-me ... e pecamos;
E o outono desfolhava os roseirais vizinhos,
Ó Laura, a vez primeira em que nos abraçamos...

Veio o inverno. Porém, sentada em meus joelhos,
Nua, presos aos meus lábios os teus lábios vermelhos,
(Lembras-te, Branca?) ardia a tua carne em flor...

Carne, que queres mais ? Coração, que mais queres ?

Poesia Lírica

Poesia lírica é uma forma de poesia que surgiu na Grécia Antiga e originalmente era feita para ser cantada ou acompanhada de flauta ou lira.
Diferente da poesia épica e da poesia drámatica, na poesia lírica o poeta fala diretamente ao leitor, representando ao leitor sentimentos, estado de espírito e percepções dele ou dela.

domingo, 4 de abril de 2010

sábado, 3 de abril de 2010

Olavo Bilac ainda está muito presente no nosso cotidiano,não apenas em seus poemas e sim em qualquer texto que ele venha compor.Para muitos Olavo passa despercebido,porém ele está mais presente que nunca,como muitos sabem Bilac era apaixonado pela sua pátria,tanto que a letra do Hino à Bandeira foi escrito por ele e a música composta por Francisco Braga.O hino foi apresentado pela primeira vez a 15de agosto de 1906.






Hino à Bandeira

I.

Salve lindo pendão da esperança!

Salve símbolo augusto da paz!

Tua nobre presença à lembrança

A grandeza da Pátria nos traz.


Refrão:

Recebe o afeto que se encerra

em nosso peito juvenil,

Querido símbolo da terra,

Da amada terra do Brasil!

II.

Em teu seio formoso retratas

Este céu de puríssimo azul,

A verdura sem par destas matas,

E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Refrão:

Recebe o afeto que se encerra

Em nosso peito juvenil,

Querido símbolo da terra,

Da amada terra do Brasil!


III.

Contemplando o teu vulto sagrado,

Compreendemos o nosso dever,

E o Brasil por seus filhos amado,

poderoso e feliz há de ser!

Refrão:

Recebe o afeto que se encerra

Em nosso peito juvenil,

Querido símbolo da terra,

Da amada terra do Brasil!

IV.

Sobre a imensa Nação Brasileira,

Nos momentos de festa ou de dor,

Paira sempre, sagrada bandeira

Pavilhão da justiça e do amor!

Refrão:

Recebe o afeto que se encerra

Em nosso peito juvenil,

Querido símbolo da terra,

Da amada terra do Brasil!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Olavo Bilac foi fiel à sua pátria e sútil ao falar da língua natal, declarando o amor por ela sem fronteira, percorrendo seus horizontes de forma sensivel e humana. Após analize profunda da língua portuguesa, Olavo também expõem em seu poema a influência do Latim em nossa língua que muitas vezes nem nos importamos, mas que com certeza fez a diferença na contrução do nosso país...
Língua portuguesa

Olavo Bilac


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

quinta-feira, 1 de abril de 2010