domingo, 30 de maio de 2010

O Paraíso-Olavo Bilac

V
A pálida RamonaÉ uma formosa dona, Moça e cheia de encantos:Tem a graça e a malícia do Demônio...E, aos vinte anos, uniu-se em matrimônioAo Chilperico Santos.
Ornou-lhe a fronte de gentis galhadas...E, quando ele, entre as gentes assustadas,Passava assim, — que sustos e que espantos!Por fim, morreu... foi pena!- E a viúva, serena,Casou de novo... com Silvério Santos.
Fez o mesmo ao segundo que ao primeiro,E, louca, ao mundo inteiroAndava namorando pelos cantos...Ele morreu. E a pálida senhora,Serena como outrora,Casou... com Hermes Santos.
Fez ao terceiro o mesmo que ao segundo...Depois dele, casou com SegismundoSantos... Depois, sem lutos e sem prantos,Sem se lembrar dos pobres falecidos,Foi tendo por maridosUns onze ou doze Santos!............................................Ninguém jamais teve maridos tantos!Mulher nenhuma teve menos siso!E, por ter enganado a tantos Santos,Quase, com seus encantos,Converteu num curral o Paraíso...

Olavo Blac


Nascimento 16 de dezembro de 1865Rio de Janeiro Morte 18 de dezembro de 1918 (53 anos)Rio de Janeiro Nacionalidade Brasileira Ocupação Poeta

sábado, 29 de maio de 2010

Inverno - Olavo BILAC



Coro das quatro estações:
Cantemos, irmãs, dancemos!
Espantemos a tristeza!
E dançando, celebremos
A glória da Natureza!
O Inverno:
Sou a estação do frio;
O céu está sombrio,
E o sol não tem calor.
Que vento nos caminhos!
Tragos a tristeza aos ninhos,
E trago a morte à flor.
Há nevoa no horizonte,
No campo e sobre o monte,
No vale e sobre o mar.
Os pássaros se encolhem,
Os velhos se recolhem
À casa a tiritar.
Porém fora a tristeza!
Em breve a Natureza
Dá Flores ao jardim:
Abramos a janela!
Outra estação mais bela
Já vem depois de mim.
Coro das quatro estações:
Cantemos, irmãs, dancemos!
Espantemos a tristeza!
E dançando, celebremos
A glória da Natureza!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Algumas obras de Olavo BIlac

Poema: Junho - de Olavo Bilac


Coro de crianças:
Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!
Junho:
Em chamas alviçareiras,
Ardem, crepitam fogueiras...
— E os balões de São JoãoVão luzir, entre as neblinas,
Como estrelas pequeninas,
Entre as outras, na amplidão.
Não há casinha modesta
Que não se atavie, em festa,
Nestas noites, a brilhar:
Não se recordam tristezas...
Estalam bichas chinesas,
Estouram foguetes no ar.
Fogos alegres, pistolas,
Bombas! ao som das violas,
Ardei! cantai! crepitai!
Num largo e claro sorriso,
Seja a terra um paraíso!
Folgai, crianças, folgai!
Coro de crianças:
Aí vem Julho, o mês do frio...
Vamos os corpos aquecer,
Acelerando o rodopio...
— Pode outro mês aparecer!

(membros oficiais da academia brasileira de letras, e entre eles se inclui claro Olavo Bilac)



quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mais um pouco sobre Olavo Bilac!


Alberto Oliveira,Raimundo Correia e Olavo Bilac
( foto dos grandes poetas do parnasianismo brasileiro)
O POETA E O SEU PÚBLICO(trecho)
"Contam os biógrafos que Olavo BIlac certa vez entrou numa perfumaria do Rio de Janeiro para reabastecer-se, de uma colônia que,num gesto teatral,tornara famosa ao derramá-la sobre o corpo de um companheiro de geração,na hora do enterro.O atendente de balcão, que era um rapazinho recém-chegado de Mianas Gerais,mal ouviu o nome da colônia,associando-a ao poeta e sem saber que estava em presença do próprio,passou a derreter-se em elogios ao seu ídolo,que ainda não pudera ver pessoalmente..."
Vários fatos ocorreram na literatura como o surgimento do Modernismo em 1922,mas Olavo Bilac não presenciou pois já havia falecido há quatro anos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Manchetes sobre a morte de Olavo Bilac( finalização)

A seguir a útima manchete sobre a morte de Olavo Bilac.E pelo resto da semana seram postadas algumas das várias obras de Olavo,que foram as mais reconhecidas após a sua morte.

"Embora esperada, pois de há muito se conhecia a extrema gravidade da moléstia do grande poeta, a morte de Olavo Bilac, ocorrida na manhã de hoje, causou uma impressão dolorosíssima. Não foram os meios propriamente literários e jornalísticos aqueles em que a triste nova repercutiu de maneira mais consternadora. Toda a cidade sentiu, sinceramente, o desaparecimento do grande poeta, que era orgulho de sua geração e que soubera incarnar, na última etapa de sua vida, todo o admirável surto de renascimento cívico que se operou no Brasil. (...) Portanto, Olavo Bilac não foi apenas o poeta incomparável, cuja obra aí fica, como uma das mais ricas, e das mais belas da nossa literatura. Foi também, em um momento decisivo da vida nacional, o intérprete eloquentíssimo das aspirações brasileiras. A sua conferência na Academia de Direito de S. Paulo, primeira de uma série em prol da difusão do serviço militar, foi um hino entusiástico à grandeza do Brasil. Bilac pregou então a união de apostolado não foi em pura perda. O seu exemplo frutificou. Em pouco tempo, a semente que o seu gênio semeou se desdobrava. (...)
Olavo Bilac guardava o leito há muitos dias, tendo, agora, seus antigos padecimentos agravados, por um ataque de "gripe", vindo, em consequência, falecer, depois de esgotados todos os recursos da ciência, miraculosamente procurada pelo seu médico assistente, Dr. Henrique Roxo, de quem o poeta era grande amigo.(...)
Poeta por vocação, trovador por índole, o morto ilustre deixa precioso acervo de poesia, das melhores que existem em nossa língua. Pouco produziu, mas tudo quanto saiu da sua pena teve, desde logo, o caráter de perpetuidade. (...) Além de poeta-mestre, Bilac era também prosador elegante e, sobretudo, conferencista sem muitos competidores. (...) Suas obras literárias são: "Poesias Infantis e Poesias"; "Crítica e Fantasia"; "Conferências Literárias". Em colaboração: "Cantos Patrios", "Livros de Leitura", "Teatro Infantil", "A Pátria Brasileira", "Tratado de Versificação", "Livro de Composições", "Através do Brazil". (...) Olavo Bilac pertencia a várias instituições e academias. Era membro fundador da Academia Brasileira. Era também inspetor escolar aposentado." A Tribuna, 28 de dezembro de 1918.
"O passamento de Olavo Bilac registrado às primeiras horas do dia de ontem era previsto por alguns dos seus amigos íntimos. Moléstia impenitente vinha minando o seu organismo, asuumindo nestes últimos dias uma feição de extrema gravidade. Lúcido de espírito, calmamente esperou a morte redentora e, antes do derradeiro alento físico, ainda se via deslumbrado pelas miragens de algum sonho de arte, que ele desejou exteriorizar em versos. Pediu, então, café e pretendeu escrever. (...) A obra de Bilac, é sem dúvida, comparativamente à dos grandes poetas brasileiros, uma das mais brilhantes. Sua primeira série de "Poesias", apesár das influências flagrantes do parnasianos franceses, principalmente Theophile Gauthier, François Copée, Heredia Baudelaire, apresenta-nos páginas verdadeiramente fulgurantes, como as do Ïn Extremis", "Inania Verba", as de muitos sonetos das "Viagens" e do "Caçador de Esmeraldas", poemeto verdadeiramente modelar, pela harmonisação estética da Forma e do Fundo. Mas de todos os parnasianos brasileiros, foi Olavo Bilac o que menos seguiu os preconceitos da impossibilidade característica do espírito da escola decaída. O seu verso, pessoal pelo estilo fundia o fundo e a forma numa liga perfeita de idéias fortes, esplendidamente exteriorizadas. A "Tarde", volume de sonetos é, porém, o mais expressivo da personalidade literária do poeta brasileiro. Em sua última obra revela-se Bilac liberto dos preceitos escolásticos, dentro do seu próprio sonho e para ele vivendo. É certo, infelizmente, que o vício da factura do soneto privou-o de expandir o talento a mais vastos surtos. Mas o artista revela-se columnal num país que ainda não produziu um gênio primordial a Victor Hugo... (...) A sua campanha em pról do levantamento cívico da nossa nacionalidade foi uma das mais brilhantes e mais dignas. Está na sua vida social na razão direta dos seus sonetos com laivos de espiritualidade e pureza. (...)" A Razão, 29 de dezembro de 1918.
AS MANCHETES Morreu Bilac - "Dêem-me Café! Quero Escrever!" - Foi A Sua Última Frase - A Resurreção Cívica Do Brasil E O Seu Otimismo (A Rua)Olavo Bilac Morreu - Já Raia A Madrugada; Dêm-me Café, Vou Escrever! - As Últimas Palavras Do Príncipe Dos Poetas Brasileiros (A Noite)O Passamento De Olavo Bilac - O Patriota, Seu Momento Extremo E A Sua Obra (A Razão)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Manchetes sobre a morte de Olavo Bilac(continuação1)

"Morreu Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros! A notícia assim dada desdobra logo à imaginação de quantos a lê os painéis de uma vida toda voltada ao culto da Arte, à Beleza e aos ardores de um patriotismo ardente e fecundo. Não há, entre os poetas contemporâneos patrícios, nenhum que tenha logrado o renome e a popularidade de Olavo Bilac.
Nascido em 1865, o seu talento nasceu precisamente num período de transformações literárias, filosóficas e políticas, tendo Olavo Bilac conquistado a situação de maior relevo. Seus primeiros versos, que constituem a parte inicial das "Poesias", produziram sucesso excepcional (...)
A sua poesia, aproveitando a plástica, proclamada pela escola, não perdeu a vivacidade, a exuberância, o fervor que constituem a eminência essência dos nossos pendores artísticos. "Sarças de Jogo" são um formoso exemplo. O seu "Julgamento de Phynéa" é uma obra prima, nessa feição. O aparecimento dessas poesias marcou desde logo rumo novo nas letras nacionais. Por aqueles tempos, obstinadamente românticos, os escitores e poetas novos guardavam ainda a maneira boêmia, aprendida nos romances de Murger. O grupo era numeroso. Fazia-se Arte no fundo dos botequins e cervejarias. Coelho Netto, Patrocínio, Aluisio Azevedo, Raul Pompéia, Olavo Bilac, Guimarães Passos, Luiz Murat, Arthur Azevedo, Valentim Magalhães e outros, compunham jornais e revistas boemiando. (...)
Surgira a questão formidável da Abolição, empolgando os espíritos. Não havia hesitar e Bilac, com seus companheiros, foi colhido no tumulto libertário. (...) Republicano por temperamento, Olavo Bilac via na proclamação de 15 de novembro a realidade num sonho seu. Daí empenhar-se nas lutas consequentes da Revolta de 6 de Setembro, fugindo - sob ameaça de prisão, ou ainda pior - para Minas, de onde mandava logo depois as lindas crônicas que formam a melhor parte do seu livro "Crônicas e Novelas" e onde colheu o tema para esse admirável, esse legítimo poema nacional "O Caçador de Esmeraldas". (...)
Cronista, Olavo Bilac deu à "Notícia" o brilho inexcedível da sua colaboração durante anos, escrevendo diariamente "O Registro". Ultimamente afastara-se de imprensa. Estavam errados os que acreditavam que a atividade maravilhosa de Olavo Bilac calara-se. No silêncio do seu gabinete, o poeta admirável comounha sem tréguas. (...) Recordando aqui, nas atropeladas palavras que a notícia da morte de Olavo Bilac nos permite escrever, a personalidade excepcional desse grande poeta, queremos deixar nas páginas do jornal que ele tanto ilustrou com o ouro admirável de seu talento, as provas legítimas da nossa dor e da nossa grande e irreparável saudade. (...)" A Notícia, 28 de dezembro de 1918.
"Aquela célebre frase de "vão-se os deuses!" o destino quiz contrapor, na maior das crueldades, a de "vão-se os poetas!". Hontem, foi Rostand que, com a sua morte, enlutou toda a França, que tão gloriosamente cantara; hoje foi Olavo Bilac, que, no seu leito mortuário, enche de sombras os céus da literatura brasileira, onde, com os fulgores do seu talento privilegiado, figurava como astro de primeira grandeza, intangível e inconfundível.
Ourives da forma, esmerilhador de idéias, lapidador de conceitos, era a sua cerebração uma das mais raras que a poesia contemporânea nos podia oferecer. Os seus versos correm de boca em boca, em língua portuguesa e em várias traduções, e os sonetos que o seu estro brilhante soube transmitir à posteridade, envoltos em uma aureola de incomparável esplendor e perfeição, serão o eterno movimento erguido à sua memória, levantado por suas próprias mãos, para seu maior renome e orgulho das letras patrias. (...)
Foi realmente fecunda a vida do glorioso poeta. No verso como na prosa, na tribuna das conferências como nas colunas dos jornais e ainda na fiscalização do ensino - em tudo foi uma existência brilhante e encantadora. (...) Bilac, sabe-se, trabalhava há dezesseis anos, em um dicionário analógico, do qual, dizia o poeta, seria a sua grande obra final de poeta. (...)
Estava resolvido hoje, pela manhã, que a Academia de Letras faria o enterro. No entanto falava-se que também a Liga de Defesa Nacional tencionava oferecer-se para tal, como uma homenagem a quem despertou o coração da mocidade brasileira em S. Paulo, depois pronunciando discursos de pura fé patriótica e entranhado amor ao Brasil." A Noite, 28 de dezembro de 1918.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Manchetes sobre a morte de Olavo Bilac

Nós do grupo dez estaremos citando sobre como ocorreu
a morte de Olavo Bilac,como esse ocorrido repercutiu no Brasil,quais obras dele tiveram mais reconhecimento após sua morte.
OLAVO BILAC
Ano: 1918
"A cidade despertou sob a emoção de uma notícia triste: Olavo Bilac, um dos seus filhos mais dilectos, poeta soberano, artista impecável, acabava de falecer às 5.30 da manhã. Uma pneumoccocia impenitente, agravada pelos maléficos da miocardite crônica, de que sofria o autor de elevado número de obras scintilantes, fazia abater o o organismo do insigne patrício. Diante do esquife que encerra os despojos de Olavo Bilac, sob a tristeza que suscita a sua morte, avulta-se o apreço ao príncipe da poesia brasileira, por ele elevada e dignificada em surtos de aprimorado gênio artístico.
Ourives do verso, são jóias de subido valor os "Panoplias", a "Via Láctea", a "Alma Inquirta", as "Sacras de Fogo", as "Viagens", o "Caçador de Esmeraldas". Precursor da Escola Parnasiana no Brasil, teve como Leconte de Lisle e Hereclia, o brilho, a cor, o rítmo, a suprema beleza, a intuição do maravilhoso Tivesse nascido em França e escrito em francês e o seu nome seria universal. Mas, nascido no Brasil, expressando-se em português, idioma que ele cultuava com requintes não comuns, nem assim amesquinhou-se o seu prestígio. Dentre os quatro maiores poetas que introduziram o parnasianismo em nosso mundo literário, é o mais sugestivo, o mais brilhante, o mais impecável. (...)
A noite de ontem para hoje, passou-se mal. A morte avizinhava-se do poeta. Foram baldados todos os recursos médicos adotados com proficiência pelo Dr. Henrique Roxo. Pela madrugada, instantes antes de morrer, o artista de muitos versos de ouro, levantou-se do leito. Suas pupilas brilhavam.
- Dei-me café; eu quero escrever! - exclamou com voz firme, mas um tanto fraca. Às 5,30 da manhã, em companhia da sua família, isto é, de Alexandre Guimarães, seu cunhado, de sua irmã, de Corrêa Guimarães e de seus sobrinhos Ernani e mademoiselle Corina, bem como de vários amigos, cessou o último alento do maior poeta patrício.
Poeta dos mais ardentes, Olavo Bilac celebrava com filosofia a volúpia da vida. Morrer num dia cheio de sol, em terra moça regorgitante de flores, tendo ao seu lado uma mulher formosa, pareceu-lhe o horror da maior tortura espiritual (...)" A Rua, 28 de dezembro de 1918>

domingo, 9 de maio de 2010

Criação - Olavo Bilac


Há no amor um momento de grandeza,
que é de inconsciência e de êxtase bendito:
os dois corpos são toda a Natureza,
as duas almas são todo o Infinito.

um mistério de força e de surpresa!
Estala o coração da terra, aflito;
rasgá-se em luz fecunda a esfera acesa,
e de todos os astros rompe um grito.

Deus transmite o seu hálito aos amantes;
cada beijo é a sanção dos Sete Dias,
e a Gênese fulgura em cada abraço;
porque, entre as duas bocas soluçantes,
rola todo o Universo, em harmonias
e em glorificações, enchendo o espaço!

Em nome do Grupo 7

sábado, 8 de maio de 2010

Velhas Árvores - Olavo Bilac


Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

Em nome do Grupo 7

Só - Olavo Bilac


Este que um Deus cruel arremessou à vida
Marcando com um sinal da sua maldição
Este que desabrochou com uma erva má
Nascida apenas para os pés ser calcada no chão.
De motejo em motejo arrasta a alma ferida
Sem constância no amor dentro do coração,
Sente, crespa crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.
Longos dias sem sol. Noites de eterno luto.
Alma cega, perdida à-toa no caminho,
Roto casco de nau desprezado no mar
E árvore acabará sem nunca dar um fruto.
E homem há de morrer como viveu:
Sozinho, sem ar, sem luz, sem Deus
Sem fé, sem pão, sem lar.
Em nome do Grupo 7

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Primavera - Olavo Bilac


Coro das quatro estações:


Cantemos! Fora a tristeza !

Saudemos a luz do dia:

Saudemos a Natureza !

Já nos voltou a alegria !

A Primavera:

Eu sou a Primavera !

Está limpa a atmosfera,

E o sol brilha sem véu !

Todos os passarinhos

Já saem dos seus ninhos,

Voando pelo céu.

Há risos na cascata,

Nos lagos e na mata,

Na serra e no vergel:

Andam os beija-flores

Pousando sobre as flores,

Sugando-lhes o mel.

Dou vida aos verdes ramos,

Dou voz aos gaturamos

E paz aos corações;

Cubro as paredes de hera;

Eu sou a Primavera,

A flor das estações !

Coro das quatro estações:

Cantemos! Fora a tristeza !

Saudemos a luz do dia:

Saudemos a Natureza !

Já nos voltou a alegria !


Em nome do Grupo 7

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ouvir Estrelas - Olavo Bilac (Poema)


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pátio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."



Em nome do Grupo 7

terça-feira, 4 de maio de 2010

Respostas na Sombra - Olavo Bilac

"Sofro... Vejo envasado em desespero e lama
Todo o antigo fulgor, que tive na alma boa;
Abandona-me a glória; a ambição me atraiçoa;
Que fazer, para ser como os felizes?"
- Ama!


"Amei... Mas tive a cruz, os cravos, a coroa
De espinhos, e o desdém que humilha, e o dó que infama;
Calcinou-me a irrisão na destruidora chama;

Padeço! Que fazer, para ser bom?"
- Perdoa!


"Perdoei... Mas outra vez, sobre o perdão e a prece,

Tive o opróbrio; e outra vez, sobre a piedade, a injúria;

Desvairo! Que fazer, para o consolo?"
- Esquece!

"Mas lembro... Em sangue e fel, o coração me escorre:

Ranjo os dentes, remordo os punhos, rujo em fúria...

Odeio! Que fazer, para a vingança?"

- Morre!


Em nome do Grupo 7

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Adolescência - Parte 1


Na adolescência, foi bastante influenciado pelos poetas franceses. Suas poesias revelam uma grande emoção, um certo erotismo e influência marcante da poesia portuguesa dos séculos 16 e 17. Nas duas primeiras décadas do século 20, os seus poemas eram declamados em saraus e salões literários, comuns na época

A correção da linguagem, o rigor da forma e a espontaneidade são as principais características de seus versos. Além de "Poesias", publicou também "Crônicas e Novelas", "Conferências Literárias", "Ironia e Piedade", entre outras obras, como crônicas, conferências literárias, discursos, livros infantis e didáticos..

O talento literário de Olavo Bilac começou a ser notado quando ela tinha 19 anos. Em 1884, o seu soneto "Nero" foi publicado na "Gazeta de Notícias", à época um dos mais importantes jornais do Rio de Janeiro. No começo do século 20, o reconhecimento nacional: foi eleito o "príncipe dos poetas brasileiros", pela revista "Fon-Fon", que realizou um concurso. Um dos destaques de sua obra é o livro póstumo "Tarde", publicado em 1919, ano seguinte à sua morte. Olavo Bilac também fundou vários jornais, como "A Cigarra", "O Meio" e "A Rua", que tiveram vida efêmera.



Em nome do Grupo 7



domingo, 2 de maio de 2010

Hino à Bandeira Nacional

Hino à Bandeira Nacional

Letra: Olavo Bilac
Música: Francisco Braga

Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

sábado, 1 de maio de 2010

Poesia infantil: A Boneca

A Boneca

Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.

Dizia a primeira: "É minha!"
— "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.

Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.

E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca ...