terça-feira, 31 de agosto de 2010

Classicismo em Portugal (1527-1580)


O Classicismo foi conseqüência do Renascimento, importante movimento de renovação científica e cultural ocorrido na Europa que marca o nascimento da Idade Moderna.
A base do Renascimento encontra-se no crescimento gradativo da burguesia comercial e das atividades econômicas entre as cidades européias, o que acabou estimulando a vida urbana e as manifestações artísticas, que passaram a ser patrocinadas por ricos comerciantes (mecenato). O aperfeiçoamento da imprensa possibilitou uma maior difusão de idéias novas, contribuindo para o enriquecimento do ambiente cultural. As grandes navegações alargaram a visão de mundo do europeu, que entrou em contato com culturas diferentes. A matemática se desenvolveu, bem como o estudo das línguas, surgindo as primeiras gramáticas de língua portuguesa.
Todo esse contexto fez nascer uma visão antropocêntrica de mundo. Ou seja, o homem é visto como centro do universo. O cristianismo continua imperando, mas o homem renascentista já não é tão angustiado com as questões religiosas como o era o homem medieval.
Dois movimentos religiosos que marcaram o século XVI tiveram grande repercussão social e cultural: a Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero (1483-1546); e a Contra-Reforma, movimento de reação da Igreja Romana.
Os artistas – pintores, escultores, arquitetos – inspiravam-se nas obras dos antigos gregos e romanos, que se transformaram em modelos. Por isso mesmo, dizia-se que a gloriosa arte antiga estava renascendo.

CLASSICISMO EM PORTUGAL

O marco inicial do Classicismo português é em 1527, quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma viagem feita à Itália, de onde trouxe as idéias de renovação literária e as novas formas de composição poética, como o soneto. O período encerra em 1580, ano da morte de Luís Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre Portugal.

CLASSICISMO LITERÁRIO

Os escritores classicistas retomaram a idéia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade, desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular.
Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que passa a ser chamada medida velha – e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que recebeu a denominação de medida nova. Introduz-se o soneto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos.

Luís de Camões (1525-1580): poeta soldado
Escritor de dados biográficos muito obscuros, Camões é o maior autor do período. Sabe-se que, em 1547, embarcou como soldado para a África, onde, em combate, perdeu o olho direito. Em 1553, voltou a embarcar, dessa vez para as Índias, onde participou de várias expedições militares.
Em 1572, Camões publica Os Lusíadas, poema que celebrava os recentes feitos marítimos e guerreiros de Portugal. A obra fez tanto sucesso que o escritor recebeu do rei D. Sebastião uma pensão anual – que mesmo assim não o livrou da extrema pobreza que vivia. Camões morreu no dia 10 de junho de 1580.

A POESIA ÉPICA DE CAMÕES

Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu a história de Portugal, intenção explicitada no título do poema: Os lusíadas. O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de Vasco da Gama às Índias.

A palavra “lusíada” é um neologismo inventado por André de Resende para designar os portugueses como descendentes de Luso (filho ou companheiro do deus Baco).

A Estrutura

Os lusíadas apresenta 1102 estrofes, todas em oitava-rima (esquema ABABABCC), organizadas em dez cantos.

Divisão dos Cantos

1ª parte: Introdução
Estende-se pelas 18 estrofes do Canto I e subdivide-se em:

Ø Proposição: é a apresentação do poema, com a identificação do tema e do herói (constituem as três primeiras estrofes do canto I).
Ø Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo a elas inspiração para fazer o poema.
Ø Dedicatória: o poeta dedica o poema a D. Sebastião, rei de Portugal.

2ª parte: Narração
Na narração (da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X), o poeta relata a viagem propriamente dita dos portugueses ao Oriente.

3ª parte: Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do Canto X), em que o poeta pede às musas que o inspiraram que calem a voz de sua lira, pois está desiludido com uma pátria que já não merece as glórias do seu canto.

A LÍRICA CAMONIANA

Camões escreveu versos tanto na medida velha quanto na medida nova. Seus poemas heptassílabos geralmente são compostos por um mote e uma ou mais estrofes que constituíam glosas (ou voltas a ele).
Os sonetos, porém, são a parte mais conhecida da lírica camoniana. Com estrutura tipicamente silogística, normalmente apresentam duas premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada no último terceto, fechando, assim, o raciocínio.
Camões demonstra, em seus sonetos, uma luta constante entre o amor material, manifestação da carnalidade e do desejo, e o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir o homem à realização plena. Nessa perspectiva, o poeta concilia o amor como idéia e o amor como forma, tendo a mulher como exemplo de perfeição, ansiando pelo amor em sua integridade e universalidade.

CARACTERÍSTICAS DO CLASSICISMO:

- Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, a expressão dos sentimentos era controlada pela razão.
- Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades universais (de preocupação universal) passaram a ser privilegiadas.
- Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.
- Presença da mitologia greco-latina
- Humanismo: o homem dessa época se liberta dos dogmas da Igreja e passa a se preocupar com si próprio, valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua capacidade de produzir e conquistar. Porém, a religiosidade não desapareceu por completo.
O escritor mais representativo do Classicismo português é Luís de Camões. LUÍS VAZ DE CAMÕES (1525-1580)
A obra épica de Camões é o poema Os Lusíadas, inspirado nas epopéias clássicas (Íliada, Odisséia, Eneida). Tendo como porta-voz o navegador Vasco da Gama, na realidade Os Lusíadas tem como personagem principal o próprio povo lusitano, cujos feitos corajosos são exaltados.
Portugal, que atingira o máximo de glória durante o período das grandes navegações, começa a entrar em decadência e Camões tenta, com sua obra, reerguer o espírito português.
A obra conta a viagem de Vasco da Gama às Índias, ressaltando a coragem dos portugueses e contando vários episódios da história de Portugal.
A lírica camoniana é bastante variada quanto à forma dos poemas, que foram produzidos tanto na medida velha quanto na nova. É importante notar que isso ocorreu simultaneamente, e não em fases sucessivas.
Camões escreveu:
_ redondilhas (antigamente estrofes de quatro versos; mais tarde, passa a ser a composição de cinco ou sete sílabas (redondilha menor e maior));
_ sonetos;
_ éclogas (poesia pastoril, em geral dialogada);
_ odes (palavra grega que significa canto; composição lírica composta de estrofes simétricas);
_ elegias (poema lírico cujo tom é quase sempre terno e triste, uma espécie de lamentação fúnebre);
_ canções;
_ vilancetes.
Destaca-se dos demais poetas lusos pela profundidade do pensamento e pela qualidade da linguagem, especialmente nas redondilhas e nas éclogas. Sem dúvida nenhuma, é no soneto que Camões atinge o máximo do lirismo português.
Seus sonetos serviram, posteriormente, de inspiração a Bocage, a Olavo Bilac e a Vicente de Carvalho.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Parnasianismo

O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França no final do século xlx início do século xx. Esta escola literária foi uma oposição ao Romantismo. É um estilo que se designa a produção poética mais importante da época realista-naturalista, que valorizava a perfeição formal, o rigor das regras clássicas na criação de poemas, a preferência pelas formas fixas (sonetos), a apreciação da rima e métrica, a descrição minuciosa, a sensualidade, a mitologia greco-romana. Além disso, a doutrina da “arte pela arte” esteve presente nos poemas parnasianos: alienação e descompromisso quanto à realidade. A poesia parnasiana caracterizava-se por abordar temas universais que se opunham ao individualismo romântico, que revelava aspectos pessoais, desejos, aflições e sentimentos do poeta. Outra característica que marcou este movimento foi à visão mais carnal e erótica do amor em relação à espiritual.

"O Parnasianismo foi vítima da inteligência que construiu a prisão onde quis encarcerar o poeta."

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Humanismo

O humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento. É neste contexto que a visão antropocêntrica se instala e influência todo o campo cultural: literatura, música, escultura e arte plástica. As Grandes Navegações trouxeram ao homem confiança de sua capacidade e vontade de conhecer e descobrir várias coisas. A religião começou a decair (mas não desapareceu) e o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de tudo e não mais Deus. A partir disso os artistas da época começaram a valorizar mais as emoções humanas. Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem servos e nem comerciantes. Com o aparecimento desta nova classe social foram aparecendo às cidades e muitos homens que moravam no campo se mudaram para morar nestas cidades, como conseqüência o regime feudal de servidão desaparece. Foram criadas novas leis e o poder parou nas mãos daqueles que, apesar de não serem nobres, eram ricos. O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.
Na literatura, desponta-se: Dante Alighieri (Divina Comédia), Petrarca (Cancioneiro), Boccaccio (Decameron), Homero (Ilíada e Odisséia), Virgilio (Eneida), Miguel de Cervantes (Dom Quixote de La Mancha), Fernão Lopes (Crónica de El-Rei D. Pedro) Gil Vicente (Auto da barca do inferno) e Willian Shakespeare (Romeu e Julieta, Hamlet, Sonho de Uma Noite de Verão). No período humanista observa-se um declínio no interesse pela poesia e a ascensão da prosa e do teatro, mas ao fim deste período retomou sua importância a sociedade, com a publicação do Cancioneiro geral.